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domingo, 23 de janeiro de 2011

Letter .... to Juliet

achando minha felicidade


Querida Julieta,
Não sei se compreenderia meus sentimentos, mas sendo meu amor sincero, espero que conte. Hoje acabei de assistir ao último episódio de uma série que ele me indicou, talvez não entenda bem, mas neste século uma grande parte das pessoas senta à frente das TVs para assistirem cenas encenadas e coreografadas de dramas, tragédias, romances e paixões que imitam minuciosamente a vida ao seu limite, assim como sua história. Não sei se existiu de fato ou foi só através das mãos de Shakespeare, entre a tinta e o papel, mas tenho certeza de que serviu para intensificar e enraizar um ‘ser’ tão sublime nos corações de muitos apaixonados. Trouxe uma forma de consolo e muitas das vezes coragem para se aventurar atrás daqueles que amamos. E por isso agradeço a você por ter-nos mostrado uma das maiores formas de amor e que, trágico ou não, nós apaixonados teimamos a acreditar que em algum lugar você teve seu final feliz.
Pois bem Julieta, escrevo esta carta como uma declaração a um sentimento, que mutuo ou não existe... Ou existiu. E que por mais que não teve seu fim, acredito que a vida seja repleta de coincidências e voltas. Portanto assim, não seja exatamente o fim.
Eu amei. E esse amor ainda existe, pois o tempo pode curá-lo, mas nunca terá forças suficientes para erradicá-lo. Ficará guardado e terá seus momentos de lembranças felizes que me trarão sorrisos, mesmo que às vezes acompanhadas de lágrimas, mesmo as vezes sendo lágrimas de tristeza, e mesmo assim sendo momentos felizes. E que como todo romântico, acredita que um dia poderá tê-lo novamente, mesmo que não o aconteça, mesmo que me apaixone novamente e perdidamente por outro alguém. Essa história foi algo do qual eu gosto especialmente e sempre gostarei, como aprendi com uma Pessoa um dia, todas as coisas são especiais por si só.
Não sei se um dia ele chegará a ler essas palavras ou se irá concordar com os fatos narrados pela minha visão dos fatos. Mas se um dia realmente me disse “eu te amo” como palavras verdadeiras terão ao menos uma lembrança boa de que um dia alguém o amou de verdade. E mesmo que não leia, ficaria feliz se ajudasse alguém a encontrar seu caminho, como uma forma de consolo.
Há aproximadamente sete anos, ainda era uma criança confusa e não tinha nenhuma noção dos meus sentimentos, mas conhecia o amor. O amor pra mim era como uma coisa da qual você gosta muito, da qual mataria por ela, da qual morreria por ela, como o ar com o qual não conseguimos viver. E de repente vejo essa coisa tão preciosa ser arrancada de mim, com momentos que vem à minha mente em flashes curtos, sem áudio e com a imagem turva dos anos. É assim que entendo a perda da minha mãe, como algo tirado de mim ainda pequeno como o ar que eu tive que aprender a viver sem respirá-lo, e dessa forma entendi o que era perder o amor. Até hoje talvez não saiba reconhecê-lo, mas posso dizer que sei reconhecer a perda dele.
Então há sete anos eu o conheci, ele chegou com seu jeito simples de conquistar as pessoas, de conquistar a amizade, entreter e logo te fazer rir. Era simples e simplesmente apaixonante. Logo sentia a necessidade de vê-lo a cada dia, contava os minutos para poder ficar alguns minutos conversando e a cada dia se encantando cada vez mais. Tornamos-nos amigos rapidamente, eu não sabia o grau desse sentimento, pois interiormente parecia buscar algo além, uma criança confusa sem saber que acabara de aprender o que era gostar de alguém.
Julieta, a vida como sempre ouvi e entendi logo cedo, não é um conto de fadas. Assim o Destino tratou de nos separar, se é que acredita em Destino; e conhecendo o fim que se deu o Seu tomo a liberdade de deduzir a resposta. Só que não termina por ai, embora tenha dito que minha história ainda não teve um fim. Logo passado cinco anos, eu ainda tinha a lembrança viva daquele amigo do qual eu sempre gostara. Cheguei a procurá-lo algumas vezes, mas sem sucesso. Foi então que nos reencontramos, como algum tipo de cruzamento de caminhos do qual novamente o Destino parece usar desde antes do seu tempo.
Reavivada a amizade e todos os outros sentimentos que sentira um dia, nossas vidas estavam em caminhos como que em uma via expressa. Eu passara por muitas coisas, ele também; Eu acabara de compreender como eu realmente era e assumir a mim mesmo esta condição, ele já era convicto disso e por essa condição talvez que eu o encontrei comprometido. Enquanto eu, que começara a procurar o que eu realmente queria e ansiava há anos, ainda estava só. Esses fios da vida não atrapalharam nosso convívio, já que eu em momento algum faria papel de Páris na vida de um amigo, mesmo amando-o. Sendo assim um fazia parte da vida do outro sem atrapalhar suas relações, seria um bom fim com um grande “e foram amigos para sempre”, mas essa não seria uma história de amor seria?
Portanto, amando-o e saído desse desejo a necessidade de protegê-lo de toda e qualquer dor, me declarei sem arrependimentos quando o senti triste saindo da sua felicidade habitual. Ele estava prestes a sair da minha vida para se mudar com seu companheiro, que a meu ver não o amava de verdade, ou talvez não eu entendesse seu amor, ‘um amor que o tirou de sua felicidade habitual’. A verdade é que ele se foi e não olhou para trás. E nesses acontecimentos dos últimos dois anos dos sete que o conheço, por assim dizer, ele voltou a conversar comigo, quando terminou com seu parceiro, mas logo se foi novamente e voltou com a mesma pessoa. Nessas idas e vindas, me machuquei muito e perdi um pouco do sentimento que nutria por ele. Mas sua essência estará sempre guardada comigo.
Talvez nunca compreendesse as motivações que o levaram a ir embora. Talvez nunca nos demos à chance de ouvir um ao outro, se abrir um pouco mais para poder levar esse sentimento a uma profundidade maior, mesmo que chegássemos à conclusão de que por maior que seja o sentimento, os “amigos para sempre” não seria uma má idéia. Como passado no fim da série que acabei de ver, na física existem coisas como a Gravidade que nos puxa pra baixo ou a cinética que nos faz continuar para frente, mas sempre damos um jeito de ter por perto, mesmo que por um sentimento, as pessoas que amamos de verdade. E isso é apenas uma verdade simples como uma forma de amar, entreter e rapidamente te fazer sorrir.

P.S: E isso não tem fim...